Feminejo: um acontecimento no campo das feminilidades e um elemento de conduta neoliberal
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Universidade Federal de Catalão
Resumo
Esta tese explora o discurso do feminejo como uma prática histórica, social e política que atravessa sendo atravessada por saberes e poderes. Por meio de uma análise empreendida à luz de instrumentos teórico-metodológicos dos Estudos Discursivos Foucaultianos, discute-se a ascensão do feminejo não só como um gênero musical na música sertaneja, mas também como objeto de promoção da indústria musical que se apropria do discurso de empoderamento como pauta de igualdade de gênero para desempenhar a visibilidade e, em consequência, resultados lucrativos. O feminejo, emergido em 2015, como resposta à saturação comercial do sertanejo universitário, possibilita-nos descrevê-lo como acontecimento discursivo, cujas linhas de visibilidades se direcionam a um grupo limitado de cantoras, como Marília Mendonça, Naiara Azevedo, Simone e Simaria e Maiara e Maraisa. O discurso do feminejo é capturado pela razão neoliberal em atender, reutilizar e transformar as demandas do feminismo, implicando a constituição de subjetividades femininas na sociedade. A cartografia da dispersão de enunciados sobre o feminejo que emergiram nas letras, nas plataformas de streamings, nas redes sociais e na mídia em geral, analisadas como suporte de discursos, nos mostra as posições que os sujeitos femininos ocupam em uma rede de relações de poder, captura, efemeridade e contradição quando submetidos à análise sobre o desempenho da razão neoliberal. Em suma, esta tese, ao se propor a empreender uma leitura arqueogenealógica dos discursos no feminejo, apresenta como resultado a constituição de seu objeto discursivo por uma multiplicidade de práticas e enfrentamentos, refletindo a complexidade das relações de poder-saber e subjetividade na contemporaneidade, tendo em vista que o feminejo é apresentado não apenas como um fenômeno cultural e musical, mas também como um acontecimento discursivo que reflete a dinâmica entre o empoderamento feminino e a estrutura neoliberal do mercado, operando, nesse funcionamento discursivo, a contradição inerente à constituição do sujeito e do discurso.