Empreendedorismo de si: práticas de subjetivação do sujeito trabalhador no discurso do coaching profissional

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Universidade Federal de Catalão

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Objetivamos com o presente trabalho analisar o funcionamento discursivo do coaching profissional na constituição de práticas de subjetivação do sujeito trabalhador que visam a sua captura para atender aos propósitos do mercado econômico. A problemática que buscando investigar foi: como o discurso do coaching profissional funciona na constituição de formas de subjetivação que capturam o trabalhador para atender aos objetivos do mercado econômico? E como seus enunciados atuam na condução das condutas e contracondutas desses sujeitos? Utilizamos como caminho teórico- metodológico a arqueogenealogia, método da Análise do Discurso Foucaultiana. Partindo desse caminho teórico-metodológico, identificamos que, no Brasil pós-golpe de 2016, o fortalecimento da racionalidade neoliberal, a partir, principalmente, das mudanças nas legislações trabalhistas, deu condições de possibilidade para existência e disseminação, de forma mais abrangente, do discurso do coaching profissional. Utilizando-nos de conceitos como sujeito, saber, poder e regimes de verdade, baseados nos trabalhos de Foucault, buscamos entender como o coaching atua como um regime de verdade sobre o trabalhador. A noção de dispositivo de segurança e de menoridade também nos deram suporte para nossas análises. A escolha do corpus se deu a partir de recortes de sites de coach e de redes sociais, vale destacar a palestra/vídeo, retirada do Youtube, do coach Paulo Vieira, utilizada como material no capítulo que destinamos mais especificamente às análises. A tese que pretendemos demonstrar é que o discurso do coaching profissional atua como uma prática de subjetivação que busca capturar o trabalhador para que ele obedeça ao comando neoliberal do empreendedorismo de si. O discurso do coaching profissional que analisamos no presente trabalho funciona a partir da marcação das posições sujeitos do discurso: o coach, que possui a verdade sobre o outro e o coachee, aquele que está perdido em busca de alguém que lhe diga o que fazer. Assumindo assim o lugar de poder para orientar seus interlocutores sobre como devem agir, utilizando-se de estratégias dos dispositivos de segurança e de menoridade para conduzir suas condutas, os discursos do coaching visam direcionar seus ouvintes para formas de dependência e obediência. Por meio de mecanismos discursivos e de dispositivos, o coaching profissional atua a favor do mercado, sequestrando as subjetividades para que os sujeitos sejam dóceis e úteis. Entretanto, no mesmo espaço onde se opera esse discurso que visa capturar sujeitos obedientes, atuam discursos de contracondutas, revelando focos de resistência e vislumbrando uma experiência outra, por meio das quais o sujeito pode fazer suas próprias escolhas e, a partir de um cuidado de si, que não é egoísta, mas sim uma obrigação ética consigo mesmo e com a comunidade, possa desobedecer.

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