Estudantes cotistas na UFCAT - desafios frente à lógica colonial
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Universidade Federal de Catalão
Resumo
Com base nos pressupostos da pesquisa (auto)biográfica, este estudo busca compreender as experiências de estudantes cotistas na Universidade Federal de Catalão (UFCAT) frente aos aspectos da lógica colonial presentes no espaço universitário, refletindo sobre o histórico e os impactos das políticas de ações afirmativas no Ensino Superior. Foram realizadas entrevistas com seis estudantes cotistas, com idades entre 18 e 35 anos, sendo duas mulheres negras quilombolas, uma mulher indígena Xacriabá, uma mulher negra trans, uma pessoa não binária negra e um homem indígena do povo Xavante. Nessas entrevistas, identificou-se os efeitos das políticas de ações afirmativas e de permanência estudantil. A partir da escuta, da transcrição e da leitura atenta das entrevistas, utilizou-se a compreensão cênica proposta por Marinas (2007), que considera as cenas como múltiplas superposições de narrativas ou fragmentos narrativos, apreendendo o caráter criacionista da existência e da formação como invenção de si em relação aos outros e aos contextos à sua volta, originando uma trama denominada "enredo". Esse enredo se fundamenta nas políticas de ações afirmativas, na Lei de Cotas e no Programa Nacional de Permanência Estudantil, com base em um estudo bibliográfico sobre essas temáticas. A Universidade Federal de Catalão se configura como o espaço onde a trama se desenrola, tendo como plano de fundo o contexto de vida das/os participantes. Constatou-se que os relatos abrangem dois eixos centrais de compreensão: manifestações da colonialidade no espaço universitário e vivências cotistas na UFCAT, os quais deram origem a três cenas: "O prelúdio de chegada", "Vozes subversivas: denunciando as manifestações da colonialidade no espaço universitário" e "Experiências acadêmicas e sociais de estudantes cotistas na UFCAT". Essas cenas revisitam acontecimentos marcantes das vivências dessas/es participantes na Universidade, relacionando-os com aspectos da teoria decolonial e buscando reflexão e compreensão teórica. Os relatos evidenciam a necessidade de aperfeiçoamento das políticas de ingresso e permanência estudantil, bem como de transformação da cultura acadêmica e descolonização do currículo. Também destacam problemáticas como a forma de comunicação da Instituição com a comunidade, a falta de conexão da Universidade com a Educação Básica, especialmente com escolas indígenas e quilombolas, o acolhimento e a possibilidade de uso da língua materna por estudantes indígenas, apontando caminhos para a ruptura com a lógica colonial perpetuada nas instituições educacionais brasileiras.