Inclusão de crianças com deficiência na educação infantil: práticas pedagógicas e possibilidades do ensino colaborativo

Abstract

A inclusão escolar de crianças com deficiência tem sido um dos principais pontos de discussão no ambiente escolar, visando refletir acerca das demandas e necessidades apresentadas pelos estudantes para garantir o direito, acesso e permanência numa escola de qualidade. É neste contexto que se busca entender a importância de a criança com deficiência ter uma vivência significativa na escola e como os professores e profissionais de apoio podem contribuir para uma prática pedagógica que atenda as especificidades das crianças, num trabalho colaborativo que envolva a todos sem distinção. Nesse sentido, levantou-se a seguinte problemática: como os professores do Atendimento Educacional Especializado, os da classe comum e profissionais de apoio articulam suas práticas pedagógicas para as aprendizagens das crianças com deficiência na Educação Infantil? Tendo tal fato como indagação, tem-se como objetivo compreender a organização e articulação da prática pedagógica do AEE (Atendimento Educacional Especializado) e da Classe comum para as aprendizagens das crianças com deficiência e as possibilidades de trabalho colaborativo na Educação Infantil. As discussões basearam-se na teoria histórico- cultural de Vygotski com ênfase nos conceitos de Defectologia para a compreensão do desenvolvimento da criança com deficiência. As instituições pesquisadas foram três (3) escolas que atendem a Educação Infantil na cidade de Uberlândia/MG, duas da rede municipal e uma da Rede Federal de Ensino. A pesquisa contou com 12 participantes, seis (6) professores da sala comum, dois (2) professores do AEE e quatro (4) profissionais de apoio. Os dados foram registrados por meio de gravações de áudio e coletados via entrevistas semiestruturadas individuais e nos momentos das sessões reflexivas, sendo seis (6) sessões reflexivas com temáticas que envolveram a inclusão escolar e seus desafios, a prática pedagógica inclusiva e o trabalho colaborativo na educação infantil. As considerações foram agrupadas em eixos de significação: inclusão no espaço escolar: pertencimento, potencial e diversidade humana; prática pedagógica: flexibilidade, atividades diversificadas e planejamento; trabalho colaborativo entre os profissionais no espaço escolar; a importância da formação profissional inicial e continuada; políticas públicas inclusivas para a educação infantil e a avaliação da pesquisa colaborativa pelos participantes. Os resultados mostraram a necessidade de pensar num trabalho colaborativo que dialogue sobre as práticas estabelecidas entre os professores da classe comum e do AEE de maneira que contemplem estratégias de ensino que tenham sentido, além de utilizar métodos e práticas com novos recursos abrangendo as habilidades das crianças com deficiência na educação Infantil. Outro aspecto apontado foi à necessidade de que o AEE seja ofertado na classe comum, abrangendo a rotina e espaços escolares vivenciados pela criança e, o fato que os professores regentes demandam profissionais de apoio com formação. Além dos profissionais de apoio, foi indicada a necessidade de o planejamento seja realizado em conjunto e que a oferta de cursos de formações extrapole o cuidado, higiene e alimentação já que estes cursos não conseguem atender as demandas das atividades que exercem na sala que muitas vezes é de cunho pedagógico, não se restringindo ao estabelecido na Lei Brasileira de Inclusão (LBI). Sendo, necessário garantir formações, espaços formativos, serviços de apoio à sala comum, políticas públicas que atendam as necessidades das crianças com deficiências nas escolas de forma ampla, ou seja, para todos os profissionais que atuam com esse público. A prática pedagógica no contexto escolar é desafiadora e exige mudanças em vários aspectos a fim de superar as barreiras tanto para o desenvolvimento da criança quanto para uma inclusão escolar neste ambiente.