Território minerador no sudeste goiano: comunicação socioambiental e relação com as comunidades rurais nos municípios de Catalão e Ouvidor - 2019 a 2023
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Universidade Federal de Catalão
Resumo
A potencialidade mineral do subsolo brasileiro produz um cenário industrial robusto, que coloca o Brasil entre os cinco maiores produtores de minérios do mundo, de maneira que o setor desempenha um protagonismo na composição econômica do País. O processo de extração de minérios ocorre a partir da apropriação dos territórios onde estão localizadas as jazidas minerais, resultando em intervenções ambientais e em novos ordenamentos socioeconômicos impostos às comunidades. A atividade provoca a desterritorialização de agricultores familiares das zonas rurais, os quais dependem do uso da terra e da posse sobre o território para a garantia de sua reprodução social. Esse cenário está presente nos municípios de Catalão e Ouvidor, localizados no Sudeste do Estado de Goiás, onde desde a década de 1970, empresas transnacionais efetivam a extração de Nióbio e Fosfato. O estabelecimento de relacionamento e comunicação entre os sujeitos é fator determinante na dinâmica do território, pois, a partir das discussões entre as partes, são definidas as negociações que direcionarão o futuro das comunidades. Dessa forma, o objetivo dessa pesquisa foi analisar e interpretar as estratégias de organização e de comunicação assumidos pelos produtores, para fazerem frente às grandes empresas, e, do mesmo modo, os canais utilizados pelos empreendedores para o diálogo com comunidades. A área de estudo incluiu as comunidades do entorno da mineração nos dois municípios, mas especialmente as comunidades de Coqueiro e Macaúba, localizadas em Catalão (GO), e Coruja e Ouvidor dos Cláudios, localizadas em Ouvidor (GO), as quais passaram por alterações profundas em decorrência da mineração. A análise foi realizada com base em 97 publicações da imprensa local, entre 2019 a 2023, relativas ao relacionamento entre comunidades e empresas de mineração da área de estudo. O processo de comunicação ainda se demonstra fragilizado e, em algum ponto, conflituoso, mas está presente no relacionamento entre os sujeitos, com esforços de ambos os lados. Os temas de discussão giram em torno dos impactos ambientais e das questões fundiárias. Há uma desigualdade na comunicação, na qual as empresas possuem posição privilegiada, por possuírem recursos. Esse descompasso exige articulação das comunidades no estabelecimento de uma relação que produza espaços reais de diálogo, com vistas ao atendimento das necessidades geradas como efeito da alteração da dinâmica territorial decorrente da mineração. O diálogo precisa ser aprimorado e somente será efetivo se houver, por parte das empresas, ações reais na preservação ambiental e socioeconômica dos territórios onde se fazem presentes.