Festa da caretagem em Paracatu-MG: patrimônio cultural, africanidades, resistências e identidades culturais
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Universidade Federal de Catalão
Resumo
Esta pesquisa de mestrado teve como objeto de estudo a Caretagem, festejo religioso, tradicional de uma comunidade surgida no período do escravismo, como refúgio dos(as) escravizados(as), instalada no Povoado de São Domingos, em Paracatu, estado de Minas Gerais. A Caretagem tem origem do período escravagista, sendo comum nos quilombos e sempre foi realizada na noite de 23 de junho até a manhã do dia seguinte, quando homens se vestem de mulher para ser as damas e o uso de máscaras esconde a identidade de cada um. Por meio de pesquisa historiográfica, buscou-se conhecer a forma como se organizam socialmente as famílias instaladas na localidade e as influências das africanidades perpassadas pelos seus ancestrais, ainda cultivadas pelos Quilombolas e como esta tradição deixou de ser memória familiar para alcançar o posto de expressão máxima da cultura local. Pretendeu-se compreender o sentido atribuído à Caretagem pela comunidade que, anualmente, esforça-se para transmitir esta tradição às gerações de descendentes, comprovar e divulgar como esta se encontra viva na educação familiar, nas formas de organização comunitária e nas atividades culturais vivenciadas, analisando o modo como se mantém a identidade construída por este grupo, confirmando o entendimento da Caretagem como forma de resistir à perda da identidade cultural a qual os(as) escravizados(as) foram/são submetidos(as). Por meio de pesquisa bibliográfica exploratória, foram investigados registros históricos e iconográficos disponíveis em fontes virtuais, legislações e em fontes bibliográficas acerca do tema. Para o povoado e participantes, a Caretagem é um elo entre o passado e o presente e tem sua essência voltada para a manutenção e perpetuação de uma cultura afrodescendente repassada oralmente e por meio das danças no decorrer das gerações. A festividade tem seu repasse ancorada na religião católica, sendo uma das formas de reafirmar a identidade étnica da localidade, que é construída e reconstruída, perpassando pela memória histórica dos moradores do povoado.