Uso e ocupação das terras e qualidade das águas na bacia do ribeirão vai-e-vem em Ipameri (GO)
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Universidade Federal de Catalão
Resumo
A água um elemento imprescindível à vida e fundamental para a existência das atividades humanas, tem sido substancialmente poluída e contaminada pelos passivos ambientais originados do modelo vigente de desenvolvimento. Na Bacia do ribeirão Vai-Vem, localizada no município de Ipameri (GO), a situação de escassez qualitativa da água não se difere do contexto global de poluição e contaminação desse elemento vital, e sob essa conjuntura, indagações inquietantes suscitaram a necessidade de desenvolver esse estudo que objetivou diagnosticar a qualidade da água do ribeirão Vai-Vem no trecho que vai da primeira nascente até o ponto de captação, bem como discutir a relação existente e indissociável entre a qualidade da água e a apropriação e o uso da terra nessa Bacia hidrográfica. A consecução dos objetivos da pesquisa foi alcançada pela realização de visitas de campo na área recortada para investigação, análise de mapas de uso e ocupação da terra no trecho estudado da Bacia do ribeirão Vai-Vem no período de 1973 a 2011, análise de 40 amostras de água para os parâmetros turbidez, temperatura, cor, pH, coliformes fecais e coliformes totais, e análise qualitativa de 44 amostras de água para identificação dos ingredientes ativos de agrotóxicos: atrazina, lambda-cialotrina, endossulfam e ciproconazol. Os mapas de uso e ocupação da terra na Bacia do ribeirão Vai-Vem revelaram predominância da atividade agrícola e pecuária na Bacia e redução, num período de 38 anos, de 56% da área coberta por vegetação característica do Cerrado. As visitas de campo, por sua vez permitiram elencar os seguintes impactos na área pesquisada: supressão, em alguns trechos, da vegetação nativa que compõe a Mata Ciliar os quais não atingem em grande parte do trecho estudado os 30 metros exigidos pela Lei 12.651/2012; vegetação da Mata Ciliar composta predominantemente por Brachiaria decumbens; proximidade tênue de tanques de criação de peixes, currais, pocilgas e atividades agrícolas com o ribeirão; pisoteio das nascentes pelo gado; desaparecimento de nascentes; aparecimento de focos de erosão nas áreas de pastagem; e, aplicação intensa de agrotóxicos. As análises da água indicaram índice de coliforme termotolerante acima do NMP para corpos hídricos de Classe II em 45% das 40 amostras de água coletadas entre setembro de 2012 e agosto de 2013; identificação de resíduos do agrotóxico α-endossulfam e β-endossulfam em 2% das 44 amostras coletadas no período de setembro a dezembro de 2013. Os resultados permitem inferir, portanto, que o uso da terra praticado atualmente na Bacia do ribeirão Vai- Vem está diretamente associado com a perda de qualidade da água desse manancial.