Construir, desconstruir, reconstruir: percursos da voz, da memória e da identidade em Elvira Vigna
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Universidade Federal de Catalão
Resumo
A presente tese analisa a prosa literária produzida pela escritora carioca Elvira Vigna (1947-2017), buscando compreender a representação feminina em três romances: Nada a dizer (2010), O que deu para fazer em matéria de história de amor (2012) e Como se estivéssemos em palimpsesto de putas (2016). A análise se dá a partir da postulação da relação entre voz, memória e identidade e de como a representação desses três aspectos se constituem enquanto elementos significativos para entender o papel que as mulheres representam nos romances corpus do estudo. Nesse sentido, estabelecemos como chaves de leitura e compreensão das obras de Vigna quatro importantes categorias: descentramento, metalinguagem, fragmentação e memória palimpséstica. Essas categorias, além de direcionarem o entendimento dos textos, são mecanismos de construção da representação feminina proposta pela autora. Para tanto, mais do que examinar a construção de narradoras e de personagens, voltamos nossa atenção para a singularidade representada em cada uma dessas histórias, captando de que modo a recriação dos papéis femininos marcados pelo pensamento patriarcal implica, diretamente, na reconstrução identitária. Observaremos, também, em que medida a escrita de Vigna culmina não só numa proposta de reflexão acerca do fazer literário, mas nos revela novos modos de escrever e pensar o contemporâneo e suas conexões com o passado e as perspectivas de futuro. Orientando-nos por meio de contribuições interdisciplinares, os romances que compõem essa investigação serão examinados à luz dos estudos feministas e de gênero, representados pelo pensamento de Virginia Woolf (1882-1941) e Judith Butler (1956); das teorias que versam sobre a construção do ato de narrar, tal como formulada por Walter Benjamin (1892-1940); e dos estudos e pesquisas que discutem memória e identidade, como os desenvolvidos por Jeanne Marie Gagnebin (1949), por Stuart Hall (1932-2014), entre outros.