Uma política da língua em assim falava Zaratustra de Nietzsche
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Universidade Federal de Catalão
Resumo
Buscamos, neste trabalho, analisar a obra Assim falava Zaratustra (1883 [2014]), do filósofo alemão Friedrich W. Nietzsche, com o intuito de colocar a prova a hipótese de que se pode encontrar nesta a materialidade de uma nova pragmática ou política da língua, segundo Gilles Deleuze e Félix Guattari (1991b [2010];1980 [2011b]). Nossos objetivos foram: observar, na extensão conteúdo-expressão da referida obra, os índices de uma função-linguagem; analisar as transformações incorpóreas como atributos dos corpos às palavras de ordem presentes na obra; e, por fim, entender a relação de influência do perspectivismo nietzschiano na reformulação da política da língua defendida por Deleuze e Guattari. Para isso, a fim de compor um arcabouço teórico interpretativo da produção discursiva filosófica, produzimos algumas ferramentas metodológicas a partir da análise das fórmulas filosóficas, especialmente no que diz respeito a ideia de destacamento e enunciador universal. Isso posto, partimos para a análise de trechos da obra de Nietzsche em intersecção com os conceitos produzidos por Deleuze e Guattari (1980 [2011b]) e buscamos localizar as modificações corpóreas e as transformações incorpóreas que atravessam os regimes de signos que incidem sobre a referida obra. Uma vez realizado este procedimento, foi possível observar como a obra Assim Falava Zaratustra, se apresenta como uma política da língua, não se afirmando em si mesma, em seu conteúdo, mas na transformação incorpórea que ela expressa, ou seja, seu modo particular de expressão, e que, desse modo, Nietzsche só pode denunciar a linguagem por estar, de dentro dela, operando suas linhas de fuga, tratando a língua por meio de um devir minoritário, que se atualiza como crítica do presente.