Discursos que legitimam a violência contra a mulher práticas discursivas de análise, de enfrentamento e de intervenção em contexto escolar

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Universidade Federal de Catalão

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Nesta pesquisa, analisamos alguns enunciados do contexto político, perscrutando as reverberações discursivas de violência e machismo em redações de alunos concluintes do Ensino Médio. Traçamos como objetivo encontrar um ponto de convergência entre os enunciados depreciativos e a violência contra as mulheres no Brasil para associá-los discursivamente ao ensino através de práticas de escrita dos alunos concluintes do ensino médio. O corpus de pesquisa é composto por três enunciados do ex- deputado e ex-presidente Jair Bolsonaro e pelas redações de alunos produzidas a partir de uma oficina de redação realizada em uma escola pública da Cidade de Goiás. Com isso, buscamos perceber nesse processo de escrita de si, as incidências da subjetivação dos alunos que estabelecem um ponto de contato entre a atualidade e a memória e que incita o estudante a escrever sobre as desigualdades de gênero. Como aporte teórico abordamos, principalmente, noções foucaultianas (1996, 1998, 2000) de “Discurso”, “Sujeito”, “Acontecimento”, “Arquivo”, “Formação Discursiva”, “Vontade de verdade” e “Poder- Saber”, em diálogos com a noção de “Corpo”, em Courtine (2013), e de “Gênero”, em Butler (2017, 2021). A base teórica foi selecionada pela nossa inscrição na Análise do Discurso foucautiana e por entender que as condições de produção dos discursos na sociedade a partir da sua história são relevantes para perceber como eles incidem na constituição dos sujeitos. Os documentos oficiais como BNCC e LDB para a educação serão fundamentais para a associação entre a problematização dos enunciados na escola e a produção escrita. A pesquisa se justifica devido a relação discursiva entre os enunciados opressores, depreciativos e violentos aos números de violência doméstica e feminicídios no Brasil. As principais questões que problematizam o tema deste trabalho são: Tais enunciados no contexto político e público legitimam a violência contra a mulher? Em que medida um enunciado que parte de uma figura de referência política pode mobilizar ações de violência? É possível, nas aulas de redação, incidir na constituição subjetiva dos alunos e instaurar práticas antimachistas e antimisóginas? A partir das análises chegamos à conclusão que a escola é uma instituição formadora das mais diversas dimensões da subjetividade. Por isso, não deve se mostrar passiva à realidade circundante e limitar-se a formar para o trabalho. Nesse ínterim, a elaboração crítica por parte do sujeito deve ser orientada por uma prática educadora reflexiva potente, a qual seja capaz de, pelo crivo da acuidade reflexiva profunda, questionar o status quo e todas as suas manifestações de dominação. Assim sendo, o espaço da prática de produção textual, nas aulas de redação, se configura como lugar privilegiado para trocas de percepções acerca da realidade. Desse modo, o uso estratégico dessa aula para discutir temas emergentes, tal qual a violência contra a mulher, tendo como base a premissa do ato violento do discurso que sustenta e precede a violação física, é transformador dos alunos em formação e, por consequência, da sociedade. Essa defesa se fundamenta porque consideramos que o discurso machista, apesar dos indicativos de resistência durante a intervenção realizada na escola e nas análises das redações, recorta sentidos singulares que refletem na formação discursiva dos jovens e legitimam práticas de violência contra a mulher na sociedade brasileira. Com isso, uma prática educacional confrontadora da naturalização da violência se mostra, e se comprova, necessária e urgente.

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