Refúgio, língua, identidade: uma pesquisa narrativa com adolescentes venezuelanos vivendo no Brasil

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Universidade Federal de Catalão

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Nesta pesquisa, busquei compreender narrativamente como dois adolescentes venezuelanos refugiados em Senador Canedo, Goiás, estudantes de escolas públicas vivem e narram suas experiências de aprendizagem de português, com foco em quem são e em quem estão se tornando. Saph, de 14 anos, e Sonnie, de 17 anos, são da Venezuela, mas migraram para o Brasil em 2018 e foram os participantes deste estudo realizado online. A metodologia de pesquisa adotada foi a pesquisa narrativa segundo Clandinin e Connelly (2000, 2015), pela qual a análise narrativa para composição de sentidos das histórias compartilhadas foi pautada no espaço tridimensional metafórico, considerando o tempo, as interações e os lugares em que as experiências ocorreram. A fim de co-criar textos de campo junto com os participantes, utilizamos poemas (autobiográficos), diários, notas de campo, mensagens que trocamos por Whatsapp, nossas conversas por videochamada (todas gravadas), imagens e vídeos da internet, fotos que tiramos e documentos. Baseei-me em Petrus, Santos e Aragão (2016), Lopez (2018; 2019; 2020) e Cursino (2020) para abordar questões sobre o ensino de Português como Língua de acolhimento (PLAc); em Murphy (2014) para escrever sobre processos de interrupções de histórias e liminalidade; em Candau (2016), Hall (2014) e Silva (2014) para discutir sobre a construção da identidade e da diferença dos participantes e sobre a interculturalidade crítica como perspectiva pedagógica. Ainda me baseei em Delfim (2019) para conceituar migrante e refugiado e em Bauman (1999; 2016) para problematizar os significados socialmente construídos em torno desses termos por meio da mídia e de discursos políticos xenófobos. Com base nos dados do relatório Refúgio em Números (2021), traço um panorama desse fenômeno no Brasil e chamo atenção para as lacunas e (in)eficácia de leis (BRASIL, 1997; 2017; 2019) que asseguram direitos a quem aqui solicita refúgio. Por meio das narrativas que Saph e Sonnie contaram ao longo desta pesquisa, eles puderam refletir sobre seu passado, interpretar seu presente e pensar seu futuro. Eu também pude ponderar sobre minha vida pessoal e acadêmica, além de refletir criticamente sobre minha própria prática docente. Esta pesquisa mostrou, ainda, que é urgente a realização de mais estudos que deem espaço de voz para alunos refugiados visando enriquecer debates da Linguística Aplicada e a elaboração de políticas públicas e abordagens pedagógicas de forma que as demandas desse público sejam atendidas.

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