Una Pátria, un Estado, un Caudillo: A construção da narrativa histórica franquista durante a Guerra Civil Espanhola (1936-1939).

Abstract

A violência perpetuada na Espanha durante a Guerra Civil Espanhola (1936-1939), e a tragédia que o conflito significou para a história do país, pode ser exemplificada com o seguinte dado quantitativo: a Espanha está em segundo lugar no ranking mundial de pessoas desaparecidas, enterradas em valas comuns com ossadas não identificadas. Buscando compreender como tamanha violência foi justificada por parte do bando rebelde, influindo posteriormente na legislação educacional, o presente trabalho objetiva, utilizando como fonte o jornal de direita La Falange, analisar a construção de uma narrativa histórica legitimadora da guerra e do regime que almejavam construir, que posteriormente seria base da legislação educacional. Para tal, utilizamos os conceitos de fascismo (SILVA, 2000), cultura histórica (RÜSEN, 2009), narrativa histórica (RÜSEN, 2011) e cultura nacional (HALL, 2006), examinando como a história espanhola foi cooptada e os sentidos dados a ela, na busca da direita por criar um discurso nacionalista que angariasse lealdade e identificação, por parte da sociedade, à sua causa. A narrativa histórica da direita buscava unir uma nação fracionada, sendo o cimento que daria a Espanha uma identidade estabilizadora, em meio a um processo de modernização, aprofundado no período democrático, que transformava a sociedade tradicional e ameaçava seus privilégios. Por fim, objetivamos, por meio da primeira lei de conteúdo educacional do franquismo e base para a legislação posterior, a Lei de Reforma do Ensino Médio, de 20 de setembro de 1938, analisar como a direita intencionava utilizar a educação na estruturação de uma sociedade adepta à sua ideologia, usando sua cultura nacional como norteadora do ensino sob o regime.